Fogões a lenha ecoeficientes são entregues para 2.800 famílias baianas

Data da publicação: 30/03/2023

Fogão pronto 3 (1)

Petrobras e Instituto Perene concluem com sucesso, na Bahia, primeiro projeto socioambiental executado em conjunto.

A Petrobras e o Instituto Perene se tornaram parte da história de 2.800 famílias quilombolas, situadas no Recôncavo Baiano (BA), que utilizam o fogão a lenha tradicional para cozinhar suas refeições. Com o projeto Fogão do Mar, nome inspirado nos beneficiários que são pescadores e marisqueiras, os integrantes da ONG puderam presenciar a conclusão com sucesso de suas entregas, que vêm sendo feitas pelos últimos dois anos.

Fogão a lenha ecoeficiente

Entre os anos de 2021 e 2022, com o apoio das lideranças locais de 38  comunidades, os usuários de lenha receberam em suas casas o fogão a lenha ecoeficiente, uma das principais tecnologias sociais do Instituto Perene. Este fogão retém mais calor, o que faz com que seja necessário o uso de pouca lenha, gerando mais calor e emitindo menos fumaça, por conta de sua combustão eficiente. Graças ao patrocínio da Petrobras, foi entregue de forma gratuita para quem mais precisa. 

Os quase 3 mil fogões foram feitos pelas mãos dos próprios moradores das regiões atendidas, capacitados e contratados pelo Perene para executarem um novo ofício, o que gerou mais emprego e renda para os municípios de Cachoeira, Maragogipe e Salvador .

Antes do projeto, não era incomum ver pelas ruas de uma das comunidades atendidas, Engenho da Ponte (BA), um homem suado sob o sol forte, carregando em seus ombros o peso de grandes troncos de árvores nativas da Mata Atlântica. Ao olhar sua cozinha, com as paredes negras de tanta fumaça, vemos o destino da madeira recém cortada: combustível para processar em seu fogão os mariscos que foram coletados por sua esposa ao longo de toda a manhã. O Fogão do Mar foi pensado para auxiliar na melhoria dessa realidade. 

Doação de mudas e educação ambiental

Além da construção dos fogões, 10 mil mudas de plantas nativas da Mata Atlântica foram doadas em ações de educação ambiental. Apenas uma centelha do potencial de entregas que a parceria entre Petrobras, lideranças comunitárias e Perene podem garantir do resgate de floresta deste bioma, que segundo o INPE só restou 12,4% no Brasil.

“Através do projeto do Instituto Perene a gente aprendeu a reflorestar. A destruição existia, mas a gente não sabia como combater. A mata é como se fosse minha casa, como se fosse minha vida, são dessas áreas que a gente tira nosso sustento”, afirma Crispim dos Santos, agricultor, pescador e liderança comunitária de São Francisco do Paraguaçu (BA).

Criação de pontes entre o projeto e as comunidades

A tarefa de adentrar a casa das famílias que se conectaram com o projeto, local privado e pessoal de cada uma delas, ocorreu com o apoio de Crispim e outras lideranças, previamente eleitas nas associações comunitárias. Grandes potências da natureza, os líderes comunitários sobrevivem não apenas para garantir a própria subsistência, mas a de centenas de outras pessoas, suas vizinhas e familiares, que compartilham da mesma história de luta para garantir seu espaço nesse grande território baiano. Com a parceria entre as 19 lideranças e o Instituto Perene, muito mais do que fogões foram construídos, foi construído também o desejo de uma continuação para o projeto, que está longe de atingir todos que precisam. 

O futuro do projeto

Nos últimos encontros da direção executiva do Instituto Perene com as lideranças das comunidades, algumas necessidades foram apontadas por elas. A principal é a continuação da construção dos fogões a lenha ecoeficientes, para que possam atender ainda mais famílias e gerar ainda mais empregos. Outra necessidade é a garantia de proteção de uma das maiores fontes de renda dos moradores do Recôncavo Baiano atualmente, a coleta de mariscos e a pesca. Para isso, os mangues precisam se manter conservados e uma das soluções seria a construção de biodigestores e fossas ecológicas nas casas de moradores próximos aos manguezais que não contam ainda com o saneamento básico e são dependentes desse ecossistema que é o berço de toda a vida marinha.

“Há 40 anos atrás minha mãe vinha do mangue com o balaio cheio de sururu, ostra, aratu, carangueijo. Hoje tá horrível, hoje as marisqueiras falam que a lama tá coçando. A gente vê manguezais morrendo e são nós pescadores  que mais protegemos. A gente sente falta de ter muito marisco. Precisamos que nos ajudem”, disse Edson da Conceição Falcão, pescador e liderança comunitária de Santiago do Iguape (BA).

Pela terra e pelo mar, o Instituto Perene e a Petrobras pretendem retomar essa parceria, garantir a continuação do projeto e dar voz aos pedidos das lideranças e suas comunidades.